sábado, 5 de novembro de 2011

Imperativo Categórico




Após a “Revolução Copernicana” elaborada por Kant em sua obra “Crítica da Razão Pura” e por meio da qual, aborda que tanto os racionalistas quanto os empiristas buscavam um centro que não era verdadeiro. No final desta pesquisa o filósofo compreendeu que o nosso conhecimento nos é dado através dos sentidos, mas este material se adapta através das formas de nossa razão. Sendo assim, precisamos das duas fontes para chegar ao conhecimento.
 Longe desses conceitos, vamos tratar aqui o pensamento moral Kantiano.  A moral Kantiana está contida nas suas principais obras: Fundamentos da Metafísica dos Costumes (1785) e na Crítica da Razão Prática (1788). Nestas obras Kant, se preocupa em responder aos interrogativos morais. 
          Immanuel Kant observa que o mais valioso interesse do homem é a liberdade; e o pensamento moral Kantiano nos propõe que as leis morais são necessárias e universais, mas sabemos que tais leis são criadas pelos próprios homens. Segundo Kant, o homem está submetido a agir por dever e liberdade, pois deve seguir a lei que ele próprio criou. Nos Fundamentos da Metafísica dos Costumes Kant diz:

Se lançarmos um olhar para trás sobre todos os esforços até agora empreendidos para descobrir o princípio da moralidade [...] via-se o homem ligado a leis pelo seu dever, mas não vinha à ideia de ninguém que ele estava sujeito só à sua própria legislação, embora que essa legislação seja universal, e que ele estava somente obrigado a agir conforme a sua própria vontade (KANT apud GALEFFI, 1986, p. 144).

             O filósofo também afirma que conceitos religiosos como: Deus, imortalidade da alma, livre-arbítrio eram indispensável para moral do homem. Kant enfatiza que a razão era incapaz de prová-los, pois tanto pela razão quanto por meio da experiência não tinham fundamentos suficientes para isso. Kant acredita que o homem possui uma razão prática. E é nesse campo prático que esses conceitos de Deus, imortalidade da alma devem ser postulados, ou seja, afirmados para prática do homem, para o seu agir e, portanto para sua moral.
        Kant também formulou que as concepções de “certo” e “errado” eram inerente a razão prática do homem, sendo assim, nos dizendo o que é certo e errado no campo da moral. Portanto, nascemos com capacidade de distinguir o certo e errado. É nesse ponto que Kant edifica uma lei moral universal e que essa lei tem a mesma validade que as leis do mundo físico.
            Essa lei moral é a priori, pois é anterior a qualquer experiência e também “formal” que não é particular ou específica a um grupo, mas sim, geral. Desse modo, valendo em todas as situações. É então que Kant formula o seu Imperativo categórico: “Age apenas segundo aquelas máximas através das quais possas, ao mesmo tempo, querer que elas se transformem em uma lei geral” (KANT apud GALEFFI, 1986, p144). Isso quer dizer que, quando fazemos algo, devemos desejar que todos os outros façam a mesma coisa na mesma situação e agindo como nós.
         Segundo o filósofo, é por meio dessa maneira que iremos agir em consonância com a lei moral. Kant também propõe através do imperativo categórico que nós tratemos as outras pessoas com um fim em si mesmo, e não como simples meio para se chegar a outra coisa.  Conforme está escrito na obra “A filosofia de Immanuel Kant”:

“[...] uma vez admitido o imperativo capaz de dirigir uma vontade que se realiza por dever, aquele imperativo deve conter por si mesmo, como demonstração indispensável da sua própria categoricidade, ‘a renuncia a todo e qualquer interesse’ que não se identifique com a própria boa vontade” (KANT apud GALEFFI, 1986, p 158).

          No entanto, o homem para Kant deve sempre conceber os demais sempre como um fim e nunca como um meio. O filósofo nos diz que desejos e interesses individuas só afastam o homem da lei moral, portanto, desvalorizando um contato harmônico com o outro. Romano Galeffi deixa claro em sua obra:
“O homem para Kant é um universal legislador; pois é justamente esta capacidade de sua máxima se tornar uma legislação universal que o distingue como fim em si mesmo; portanto, o homem para Kant deve abordar essa máxima sempre do seu ponto de vista e ao mesmo tempo do ponto de vista de todos os outros seres racionais como legislador” (GALEFFI, 1986, p 161).

         Contudo, Kant chega ás três formulações do imperativo categórico que nenhum caso pode ser hipotético.  As formulações são:
1º- Age somente como se a máxima da tua ação tivesse que se tornar mediante o teu querer uma lei universal;
2º- Age de maneira a tratar a humanidade tanto na tua pessoa, como na pessoa do teu semelhante sempre, ao mesmo tempo, como fim, nunca como um simples meio;
3º- Age de maneira que tu possas como ser racional considerar a ti mesmo em relação a todas as leis às quais tu devas estar por acaso sujeito ao mesmo tempo como universalmente legislador. Em outras palavras: Sê autônomo!
        Enfim, o imperativo categórico nada mais nada menos Kant está descrevendo a consciência do homem, consciência de sempre agir de acordo com o seu dever e não seguindo seus próprios prazeres e vícios, pois ir além do individualismo requer liberdade, sendo assim, distinguimos dos animais. Para finalizar usaremos as palavras de Kant (1781). Em sua obra Crítica da razão pura, ele afirma:
"Duas coisas enchem o ânimo de admiração e respeito, sempre novos e crescentes, quanto mais reiterada e persistentemente se ocupa delas a reflexão: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim. Ambas são coisas que não devo buscar fora de meu círculo visual [...]; vejo-as diante de mim e enlaço-as diretamente com a consciência de minha existência. A primeira provém do lugar que eu ocupo no mundo sensível externo e estende para o imensamente grande o enlace em que estou com mundos e mais mundos e sistemas de sistemas [...]. A segunda provém do meu invisível, de minha personalidade [...] A primeira visão de uma inumerável multidão de mundos aniquila, por assim dizer, a minha importância como criatura [...]. A segunda, ao contrário, em virtude da minha personalidade eleva infinitamente o meu valor como inteligência, na qual a lei moral me revela uma vida independente da animalidade e também de todo o mundo sensível".


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