quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A concepção de estética em Kant.


Kant tem um papel relevante não apenas na história da Filosofia, mas também deixou seu legado na história da Estética, criando um novo paradigma no que se refere ao subjetivismo em relação ao belo. Desde a época de Platão e Plotino, ambos acreditavam que o conceito belo fosse um atributo do próprio objeto, já Kant cria uma nova era para a Estética, onde o conceito de belo, não é meramente um atributo inerente ao objeto, mas na verdade o belo é algo subjetivo, que está além do objeto.
Tanto Platão, como Plotino com suas visões estéticas em alguns pontos conflitantes e diferenciados, e mesmo alguns pontos concordantes. Por exemplo, Platão acreditava que o Belo em si, ou seja, o belo em plenitude só poderia se manifestar no mundo das idéias, então, no nosso mundo sensível, os seres, objetos apenas participavam em graus maiores ou menores desse belo em si, na verdade, Plotino também tinha a mesma visão, que somos meros participantes da beleza do uno, em suma, o belo estava até então na história da Filosofia atrelado ao objeto, e a perspectiva subjetiva era ignorada.
Kant é o primeiro filósofo que muda essa perspectiva no mundo da Estética, sua obra “Crítica da razão pura” traz um novo marco para a Estética. Embora a teoria estética Kantiana apresente várias semelhanças com a teoria de Platão e Aristóteles, em virtude da noção que faz do belo uma referência de perfeição frente ao modelo. Para Kant um objeto sensível, é belo quando se coloca de acordo com o arquétipo, e perceber tal coincidência é função de uma faculdade especial, que recebeu o nome de “faculdade de juízo”, essa faculdade de juízo, é conhecida no senso comum como “gosto”.
Não existe “gosto” sem razão, a própria subjetividade é uma forma interpretativa da realidade, que varia com a perspectiva de cada um. Quando dizemos que algo é subjetivo, estamos considerando uma escala de valores na análise em relação a uma realidade objetiva e passível de ser racionalizada. Por exemplo, se um homem visita um Museu, e observa algumas obras de arte, e se é questionado, porque determinado quadro é belo e o atrai, há duas possibilidades de respostas, na primeira o homem diz que o quadro é belo, porém, não consegue justificar, mas na segunda possibilidade, o mesmo homem justifica que o quadro é belo porque tem pigmentos azuis, o que é uma resposta racional. No entanto para Kant na primeira possibilidade, há também mesmo que inconsciente uma racionalidade no gosto subjetivo do homem que o exprime.
Quando julgamos belo um objeto, a beleza é referida tão somente ao prazer subjetivo, não a uma qualidade objetiva do objeto. O uso que fazemos da palavra “beleza” ou “belo” prova que o sentimento do belo, não surge do entendimento. O belo na Filosofia era tido como objeto de um prazer universal, como algo que poderia ser comunicado a outros seres. Podemos notar que a comunicação requer conteúdos e conceitos. Não julgamos realmente o objeto, mas imputamos ao objeto a beleza como se ela fosse uma qualidade suscetível de um juízo lógico, ou seja, quando emitimos uma opinião somos tendenciosos e por vezes temos a pretensão de tornar nossa opinião universal, de acordo com Kant.

Segundo Kant, o juízo estético se dá na pura subjetividade, e o que Kant traz de novo e original para a história da estética está em afirmar que o juízo de gosto é um prazer e uma reivindicação de universalidade, quando alguém diz que um objeto é belo, não diz apenas que tem prazer com algo que lhe agrada, mas faz uma reivindicação mesmo que implícita a de que essa relação subjetiva de prazer diante da beleza seja válida universalmente para todos os seres racionais.
           Kant, portanto, afirma na Crítica do juízo: “Para perceber que algo é belo tenho que saber sempre que classe de coisas deva ser o objeto, isto é, ter um conceito do mesmo: para encontrar nele beleza não tenho necessidade disso”.

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