quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Imaterialismo em George Berkeley



Berkeley achava que modernidade com o materialismo, cada vez mais consistente, colocava em risco aconcepção que Deus criou e mantém vivo tudo que o que existe na natureza. Berkeley dizia que as coisas do mundo são, de fato, exatamente como nós percebemos, mas não coisas. Com essa afirmação Berkeley refuta a concepção do empirista John Locke.
Segundo Locke, também acreditava que todo conhecimento era de origem sensorial, como tem em uma de suas frases célebres: “O cérebro é recepção da mente”. Primeiramente Locke, acreditava nossos sentidos captavam as ideias simples, que são todas as coisas existentes na realidade. Porém, a crítica de Berkeley se da na abstração que Locke faz da realidade com a sua teoria das qualidades primarias que são: solidez, extensão, figura, movimento e qualidades secundárias: sons, gestos, cores. E consequentemente as ideias complexas eram a unificação dessas com as substâncias. 
Para Berkeley, as ideias abstratas não existem,é impossível separar ou subtrair x de y, o significante (res.) e o significado (signo), nos Princípios do Conhecimento Humano, ele nós trás uma experiência essencial:
“Desejo que qualquer pessoa reflita e verifique se pode, por qualquer abstração do pensamento, conceber a extensão e o movimento de um corpo desacompanhados de toda as outras qualidades sensíveis. De minha parte, vejo claramente que não está em meu poder formar a ideia de um corpo extenso e em movimento a não ser que lhe atribua, além disso, alguma cor ou outra qualidade sensível que se admite existir apenas na mente”.
Portanto, não podemos perceber e conceber um corpo sem alguma qualidade sensível ou secundária, tal como movimento como enfatiza Locke, mas esse corpo só existe apenas na mente junto com os seus atributos inerentes.
  E assumindo o mais radical empirismo, Berkeley afirma que uma substância material não pode ser conhecida em si mesma. O que se conhece, na verdade, resume-se às qualidades reveladas durante o processo perceptivo. As coisas existem porque nós a percebemos. Segundo o filósofo, existir é ser percebido, ou seja, ser ideia.
Berkeley também desenvolve, num modo mais coerente de se falar, um príncipio de contradição, na qual não podemos imaginar nada exeterior a nossa mente, pois se imaginarmos tal já se manisfesta. Por exemplo: é possível pensar em uma árvore solitária plantada num lugar  isolado, onde não há ninguém para percebê-la. Porém, para Berkeley  pensar em uma arvore nessa situação já  é atribuir-lhe existência como ideia de árvore isolada. Como já dizia Aristóteles : “ Não podemos colocar na nossa negação aquilo que vamos negar”. Portanto, quando se discute a existência da uma coisa,  ela existe porque se pensa nela. 

SUBJETIVIDADE



O mundo é uma representação, conteúdo da nossa consciência subjetiva, pois o mundo está ligado ao nosso próprio pensamento. As ideias que possuímos em nossa consciência é a que nos proporciona a ter a percepção de tudo que existe, pois sem a ideia não poderíamos ver a coisa percebida. Mas, usando um trocadilho, não percebemos a coisa em “si” na sua essência, porém, percebemos apenas a sua ideia.
Para tratarmos mais afundo a questão da subjetividade em Berkeley, vamos relembrar que as coisas matérias não existem, exceto as ideias de tais coisas. Impossível para nós provarmos que as coisas matérias existem pelo um simples toque em algo duro. Segundo Berkeley, quando queremos chegar a um juízo lógico com certos experimentos tangíveis, nós apenas estamos experimentado a sensação de bater em alguma coisa dura, mas não que vamos sentir a verdadeira matéria ou ideia da sensação de tocar.
O sujeito que percebe Berkeley dá o nome de mente, espírito, alma ou eu, esse possui subjetividade nas questões de quente e frio, duro e mole, doce e amargo. Berkeley quer nos dizer com esses antagônicos, o que para um espírito é duro pode ser mole para outro, mais forte. O que para uns é doce, é amargo para outros. Mas, Berkeley coloca em questão o calor do fogo, como o calor do fogo pode ser subjetivo, se todos ao colocar a mão no fogo vão se esquivar? Nesse caso, temos a ideia do quente em nossa mente e não no fogo, assim como a dor provocada por um alfinete não está no alfinete e sim no espírito. O fogo para Berkeley é uma ideia que se manifesta também em minha mente. Ao meu entender, o filósofo mostra que não somos capazes de subtrair a dor do fogo extremo, o calor, assim como a dor deve existir na mente. Portanto, podemos aplicar do mesmo modo a todos os graus de calor, dado que certo tipo de calor produz uma sensação prazerosa, que é de ordem subjetiva.


DIVINDADE

Berkeley dizia que tudo vinha do espírito onipresente, por meio da qual tudo existe, ele denomina esse ser onipresente de Deus. Ele é uma causa incausada que deu origem a todas as ideias, ou melhor, aquilo que concebemos no senso comum de mundo ou natureza. Segundo Berkeley, foi por meio de desse Deus que nos proporcionou a perceber a ordem da natureza e as sua ideias. Enfim, Deus está presente no fundo de nossa consciência e é a causa de toda multiplicidade de ideias e sensações que estamos sujeitos. Nós nos movemos e existimos em Deus. 








quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A concepção de estética em Kant.


Kant tem um papel relevante não apenas na história da Filosofia, mas também deixou seu legado na história da Estética, criando um novo paradigma no que se refere ao subjetivismo em relação ao belo. Desde a época de Platão e Plotino, ambos acreditavam que o conceito belo fosse um atributo do próprio objeto, já Kant cria uma nova era para a Estética, onde o conceito de belo, não é meramente um atributo inerente ao objeto, mas na verdade o belo é algo subjetivo, que está além do objeto.
Tanto Platão, como Plotino com suas visões estéticas em alguns pontos conflitantes e diferenciados, e mesmo alguns pontos concordantes. Por exemplo, Platão acreditava que o Belo em si, ou seja, o belo em plenitude só poderia se manifestar no mundo das idéias, então, no nosso mundo sensível, os seres, objetos apenas participavam em graus maiores ou menores desse belo em si, na verdade, Plotino também tinha a mesma visão, que somos meros participantes da beleza do uno, em suma, o belo estava até então na história da Filosofia atrelado ao objeto, e a perspectiva subjetiva era ignorada.
Kant é o primeiro filósofo que muda essa perspectiva no mundo da Estética, sua obra “Crítica da razão pura” traz um novo marco para a Estética. Embora a teoria estética Kantiana apresente várias semelhanças com a teoria de Platão e Aristóteles, em virtude da noção que faz do belo uma referência de perfeição frente ao modelo. Para Kant um objeto sensível, é belo quando se coloca de acordo com o arquétipo, e perceber tal coincidência é função de uma faculdade especial, que recebeu o nome de “faculdade de juízo”, essa faculdade de juízo, é conhecida no senso comum como “gosto”.
Não existe “gosto” sem razão, a própria subjetividade é uma forma interpretativa da realidade, que varia com a perspectiva de cada um. Quando dizemos que algo é subjetivo, estamos considerando uma escala de valores na análise em relação a uma realidade objetiva e passível de ser racionalizada. Por exemplo, se um homem visita um Museu, e observa algumas obras de arte, e se é questionado, porque determinado quadro é belo e o atrai, há duas possibilidades de respostas, na primeira o homem diz que o quadro é belo, porém, não consegue justificar, mas na segunda possibilidade, o mesmo homem justifica que o quadro é belo porque tem pigmentos azuis, o que é uma resposta racional. No entanto para Kant na primeira possibilidade, há também mesmo que inconsciente uma racionalidade no gosto subjetivo do homem que o exprime.
Quando julgamos belo um objeto, a beleza é referida tão somente ao prazer subjetivo, não a uma qualidade objetiva do objeto. O uso que fazemos da palavra “beleza” ou “belo” prova que o sentimento do belo, não surge do entendimento. O belo na Filosofia era tido como objeto de um prazer universal, como algo que poderia ser comunicado a outros seres. Podemos notar que a comunicação requer conteúdos e conceitos. Não julgamos realmente o objeto, mas imputamos ao objeto a beleza como se ela fosse uma qualidade suscetível de um juízo lógico, ou seja, quando emitimos uma opinião somos tendenciosos e por vezes temos a pretensão de tornar nossa opinião universal, de acordo com Kant.

Segundo Kant, o juízo estético se dá na pura subjetividade, e o que Kant traz de novo e original para a história da estética está em afirmar que o juízo de gosto é um prazer e uma reivindicação de universalidade, quando alguém diz que um objeto é belo, não diz apenas que tem prazer com algo que lhe agrada, mas faz uma reivindicação mesmo que implícita a de que essa relação subjetiva de prazer diante da beleza seja válida universalmente para todos os seres racionais.
           Kant, portanto, afirma na Crítica do juízo: “Para perceber que algo é belo tenho que saber sempre que classe de coisas deva ser o objeto, isto é, ter um conceito do mesmo: para encontrar nele beleza não tenho necessidade disso”.